Acupuntura e hipnose são alternativas para aumentar o prazer

“Sempre tive uma vida sexual muito ativa, mas de repente comecei a ficar sem vontade de nada, me sentia cansada, com preguiça, sem desejo nenhum”, lembra Mariana M.L., empresária de 39 anos. Relatos como o dela são comuns nos consultórios de psicólogos, sexólogos e ginecologistas: metade das mulheres diz ter alguma dificuldade sexual, de acordo com o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, coordenado pela psiquiatra Carmita Abdo, do Programa de Estudos em Sexualidade (Prosex), da Universidade de São Paulo (USP).

A redução da libido ou do desejo nas mulheres pode ter origem física ou psicológica, e isso interfere no caminho do tratamento, que pode ser feito com medicamentos ou psicoterapia. Fora da medicina tradicional, tratamentos complementares como acupuntura, hipnose, meditação e trabalhos corporais também prometem resultados em busca do bem-estar sexual.

Mariana optou pela acupuntura para lidar com seu desinteresse pelo sexo. Ela já tinha feito o uso das agulhas para tratar síndrome do pânico e achou a alternativa mais natural. “Quando a mulher faz acupuntura, ela estimula o sistema límbico”, explica a acupunturista. Essa parte do cérebro é responsável por emoções e tem relação com o sistema endócrino. Para a medicina chinesa, o orgasmo é uma necessidade fisiológica: “produz endorfina e dá uma sensação de bem-estar, desintoxica o organismo. A mulher com a libido em equilíbrio é segura e poderosa”, aponta a especialista.

O desequilíbrio do corpo que interfere na sexualidade pode acontecer em função de estresse, desgaste no relacionamento amoroso e questões hormonais. O uso da acupuntura para a libido inclui a aplicação de agulhas por alguns minutos em pontos específicos do corpo, como abaixo do umbigo, que estimulam o cérebro a produzir hormônios e outras substâncias. “Fiz o tratamento durante seis meses, o suficiente para voltar a ser como era. Aos poucos a vontade foi voltando, senti mais ânimo e desejo de ousar mais na cama”, conta Mariana

Hipnose e terapias corporais ajudam na superação de timidez

“Eu não sabia falar ‘eu te amo’”, lembra E.S., administradora de 23 anos. Ela enfrentava bloqueios sexuais e afetivos quando procurou a hipnose clínica. A técnica trabalha inibições e até traumas relacionados ao assunto. “Sempre fui muito fechada, não expressava o que eu sentia e minhas vontades. Era muito quieta para falar sobre sexo. Sabe aquela pessoa morta?”, diz ela, que procurou a terapia há dois anos depois do término de um namoro.

Paulo Giraldes, psicanalista e hipnólogo clínico, explica que a técnica aplicada em casos com o da administradora não é parecida com a hipnose vista na TV – as pessoas não dormem nem ficam inconscientes. “É uma ferramenta da psicanálise para fazer um relaxamento, um caminho para uma regressão”, explica. Segundo ele, a hipnose é um estado de hiperatenção, como estar concentrado em uma atividade. Por meio dela é possível acessar memórias e ocorrências no inconsciente e tratá-las em terapia. Além disso, é capaz de reduzir a ansiedade e o nervosismo na hora do sexo. “Ensino o que fazer no momento que a mulher vai ter uma relação: ela entra no relaxamento e vive o presente. Assim tem todo seu organismo voltado para aquela atividade e potencializa o prazer”, explica Giraldes.

Técnicas de meditação e terapias corporais também ajudam a tratar inseguranças e timidez na hora H. “É possível aliviar a ansiedade e o estresse com relaxamento, respiração e consciência corporal. Assim a mulher fica mais centrada e aceita melhor as sensações”, explica Meire Ribeiro, terapeuta e especialista em sexualidade. Terapias corporais incluem a prática de exercícios respiratórios e com a musculatura genital, alguns similares com o pompoarismo, que ajudam a mulher a aumentar seu prazer e conhecer o próprio corpo. Até filmes eróticos podem ser usados no consultório de acordo com o caso. “As mais inibidas ou cansadas da rotina aprendem a se comunicar com o parceiro. No atendimento, ela entende o que gosta e usa essa preferência para sair do convencional no dia a dia”, diz Meire.

A consciência corporal também é conquistada pela meditação. A prática pode ajudar o casal a estar mais envolvido no sexo sem se prender em tabus e constrangimentos. É o que garante Tacvam Aziryse, coach de meditação: “O estado sexual é um estado de imersão. A mulher tem que estar relaxada, receptiva, sem pensar no passado, futuro, o tamanho do culote ou a celulite. E isso é um domínio que a meditação te dá”, explica.

De traumas profundos ao clima morno na cama, as terapias fora do consultório médico tradicional podem acompanhar outros tratamentos, como a reposição hormonal, por exemplo. “É importante fazer um diagnóstico com um bom profissional, porque os motivos de inibição da libido nunca são iguais de uma pessoa para outra”, diz Aparecida.

Veículo:Matéria publicada no site Delas IG
Data:26/05/2011
http://delas.ig.com.br/amoresexo/orgasmo/acupuntura+e+hipnose+sao+alternativas+para+aumentar+o+prazer/n1596980037710.html