Distúrbios mentais devem ser diagnosticados e tratados ainda na infância

Detectar sinais de distúrbios mentais e aplicar tratamento rigoroso a partir das primeiras manifestações pode evitar tragédias como a ocorrida no início deste mês numa escola do Rio de Janeiro, afirmam psiquiatras, psicólogos e especialistas da área. Em um massacre sem precedentes na história do país, um ex-aluno da instituição invadiu a unidade e acabou matando 12 crianças e ferindo outras 30.

Algumas pessoas apresentam sinais desses distúrbios já nos primeiros anos da infância e poderiam receber tratamento desde então se os pais reconhecessem o problema e o diagnóstico fosse feito logo cedo. Segundo a psicanalista e psicopedagoga Ângela Mathylde Soares, que atua em Belo Horizonte (MG), para cada idade é esperado um tipo de comportamento e uma reação das crianças. Por exemplo, certas reações relacionadas à comunicação, à interatividade, ao planejamento e à socialização.

“A fuga desses padrões é um sinal que indica certa patologia. Sempre haverá um sintoma, mas a família precisa observar e acreditar que é necessário buscar ajuda. Há alguns transtornos que são potencializados pela negação da família. Acreditando ser uma fase, elas não procuram tratamento para os filhos, o que agrava ainda mais a situação, provocando surtos, o que por sua vez causam uma desestabilização ainda maior.”, explica Ângela.

Tratamento multidisciplinar

Após detectar o problema, é importante saber conduzir o tratamento. A família deve buscar de uma equipe multidisciplinar. Por exemplo, um psiquiatra para diagnosticar e medicar, uma psicóloga para tratar questões emocionais identificadas, um terapeuta ocupacional para trabalhar as questões relacionadas a limites e rotinas, um fonoaudiólogo (caso haja disfonia) e, finalmente, um psicopedagogo para acompanhar as atividades escolares.

“É um acompanhamento para a vida toda, mas que, sem dúvida, irá fazer uma grande diferença para a rotina da família e da criança com a doença mental. Há transtornos, como a bipolaridade, em que muitas vezes o paciente se recusa a submeter-se a um tratamento. Por isso, há a necessidade de observar os filhos desde muito cedo, assim as chances de sucesso são maiores”, afirma Ângela

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O psicanalista e hipnólogo clínico Paulo Giraldes, da Capital paulista, acredita que, para responder positivamente ao tratamento, a criança deve receber primeiramente atenção, carinho e dedicação dos pais. “Além do acompanhamento clínico, são fatores determinantes para adaptação da criança no meio em que interage. Identificada a doença, quanto antes forem tomadas as providências para diminuir as diferenças por meio de ajuda profissional, melhor será a resposta da criança”, completa Giraldes.

Bullying

Outro fator que pode provocar distúrbios é o bullying. A expressão, que tem origem na palavra inglesa bully (valentão) e cujo conceito vem sendo largamente discutido nos últimos anos, indica a pratica de agressão física, verbal ou sexual, direta ou indireta, e costuma vitimar pessoas inseguras (especialmente crianças e adolescentes) ou com comportamento antissocial. Em alguns casos, crianças que sofrem os efeitos dessa perseguição tornam-se adultos extremamente problemáticos, com tendências suicidas e que podem descontar suas frustrações em outras pessoas.

“O diálogo é fundamental! Mostrar, explicar e ensinar a respeitar a diversidade das pessoas é muito importante, tanto para a criança agressora como para a criança vítima, e – não menos importante – para as crianças espectadoras. O bullying não deve ser ignorado pelos educadores e deve ser comunicado imediatamente aos pais, para que eles procurem auxílio profissional no sentido de identificar a causa e eliminá-lo.”, alerta Paulo Giraldes.

Veículo:Matéria Publicada no site Instituto Monitor
Data:27/04/2011
http://www.institutomonitor.com.br/marketing/boletimonitorando/2011/04/vidasaudavel.html